sábado, 6 de março de 2010

O “NOME DE DEUS” NA LITURGIA


Não é algo tão recente, mas parece que é desconhecido em muitas comunidades católicas. Desde meados de 2008, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos emitiu carta às conferências episcopais em que trata do uso no “Nome de Deus” na Liturgia. Eis o resumo desta carta, elaborado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil:

“A Presidência da CNBB recebeu uma carta da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (29/06/08) com orientações sobre a “tradução e pronúncia, no âmbito litúrgico, do divino Nome significado no tetragrama sagrado - YHWH”. Apresentamos aqui um resumo desta carta.

I – Parte expositiva

a) Na Bíblia, o nome próprio do Deus de Israel, conhecido como tetragrama sagrado ou divino, está escrito com quatro letras consoantes do alfabeto hebraico na forma YHWH, traduzido sob diversas formas de escrita e pronúncia em nossas orações e cantos, como, por exemplo, “Yahweh”, Jahweh”, “Javé” etc.

b) No Antigo Testamento, o santo nome de Deus revelado no tetragrama YHWH, era expressão da infinita grandeza e majestade de Deus, e, por isso, NÃO SE PODIA PRONUNCIÁ-LO, sendo, portanto, substituído, na leitura do texto sagrado, com uma denominação alternativa – ADONAY – que significa “Senhor”.

c) A tradução grega do Antigo Testamento, chamado dos Setenta, usou regularmente o tetragrama hebraico com o vocábulo grego Kyrios, que significa “Senhor”. Uma vez que o texto dos Setenta constituiu a Bíblia das primeiras gerações cristãs de língua grega, em que também foram escritos todos os livros do Novo Testamento, os próprios cristãos das origens nunca pronunciaram o tetragrama divino. Na tradução para o latim, o termo foi traduzido pelo vocábulo “Dominus”, correspondente tanto ao hebraico Adonay como ao grego Kyrios.

d) Na cristologia neo-testamentária, o termo Senhor é reservado a Cristo ressuscitado, proclamando assim a sua divindade (cf. Fl 2,9.11; Rm 10,9; 1 Cor 2,8; 12,3; Rm 16,2; 1 Cor 7, 22; 1 Ts 3,8 etc).

e) O fato da Igreja ter deixado de pronunciar o tetragrama do nome de Deus, além de um motivo de ordem filológico, expressa também a fidelidade à tradição eclesial, uma vez que o tetragrama sagrado nunca foi pronunciado em âmbito cristão nem traduzido em nenhuma das línguas em que a Bíblia foi traduzida.

II – Parte dispositiva

1. “Nas celebrações litúrgicas, nos cantos e nas orações, não se use nem se pronuncie o nome de Deus na forma do tetragrama YHWH.

2. Nas traduções do texto bíblico para as línguas modernas, destinadas ao uso litúrgico da Igreja, empregue-se para o tetragrama divino o equivalente Adonay / Kyrios: “Senhor”.

3. Nas traduções, no âmbito litúrgico, de textos que tenham, um a seguir ao outro, o termo hebraico Adonay e o tetragrama YHWH, traduza-se Adonay com “Senhor” e use-se a forma “Deus” para o tetragrama YHWH”.

Pedimos, portanto, que as equipes de liturgia, entre elas, os responsáveis pelos cantos litúrgicos, fiquem atentos a esta orientação da Congregação para o Culto Divino e façam as devidas adaptações. Na revisão dos Lecionários, do Missal Romano e do Hinário Litúrgico, a equipe de tradutores da CNBB seguirá esta orientação.

Brasília, 29 de outubro de 2008.
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia”

Parece que esta orientação não vem sendo seguida em muitas comunidades, mas em nome da comunhão da Santa Igreja, precisa entrar nas pautas das reuniões de equipes de cantos e de Liturgia, visando à adequação. Muitos cantos trazem o Nome de Deus e precisam ser adaptados ou até excluídos dos repertórios, ou não se enquadrará como canto litúrgico, em vista da dissonância com a Tradição.

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