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quinta-feira, 1 de abril de 2010

SEXTA-FEIRA SANTA: CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR

“Em tuas mãos eu entrego o meu espírito.”
(Sl. 30,6)

INTRODUÇÃO

Às 15h, ou noutro horário oportuno, a Igreja realiza a Liturgia da Paixão do Senhor. Neste dia, não se celebra missa em lugar algum, mas ocorre a celebração onde meditamos as dores e morte de Nosso Senhor. Parece que o termo “comemorar” se relaciona a festas alegres, mas não podemos deixar de comemorar o resgate da aliança com Deus através do sacrifício da Cruz. Este acontecimento nos prepara para as alegrias pascais; dessa forma, já celebramos a Páscoa do Senhor. A Igreja prescreve dia de jejum e abstinência de carne.


1 ASPECTOS CELEBRATIVOS

Esta solene ação litúrgica consta de três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística.

O altar, desnudado ao fim da liturgia do dia anterior, assim permanece. Igualmente as cruzes (e imagens, onde for costume) também permanecem veladas.

A cruz é apresentada à assembleia, não como sinal de luto e tristeza, mas como instrumento pelo qual nos veio a salvação. Para tanto, através dela, rendemos adoração ao Cristo Redentor.


1.1 O QUE PROVIDENCIAR

Para esta solene ação litúrgica, deve-se providenciar, em lugar apropriado, uma cruz (coberta com véu, caso se adote a primeira forma de apresentação) e dois castiçais. Para o presbitério, importante haver o missal romano, lecionário, toalha e corporais. Quanto ao altar da Reposição, separar véu umeral (para diácono ou presidente da celebração) e dois castiçais.


2 CELEBRAÇÃO E QUESTÕES PRÁTICAS

O presidente da celebração, ao se aproximar do altar, em clima de absoluto silêncio, prostra-se ou ajoelha-se diante dele por alguns instantes. A assembleia também permanece em silêncio orante, de joelhos. Em seguida, é proferida oração, sem o “oremos”.


2.1 LITURGIA DA PALAVRA

Imediatamente após a oração, inicia-se a Liturgia da Palavra. Na narração da Paixão de Nosso Senhor, é costume, assim como no Domingo de Ramos, haver distribuição de funções para mais leitores, de acordo com as personagens, havendo, para tanto, a figura do narrador. Toda a igreja se ajoelha silenciosamente quando do anúncio da morte de Jesus. Não se beija o livro ao final da narração.


2.1.1 Oração Universal

Após a homilia, inicia-se a oração universal, com dez preces específicas, a saber: pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não creem no Cristo, pelos que não creem em Deus, pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provações. Durante essas preces é facultada à assembleia permanecer ou não de joelhos.


2.1.2 Adoração da Cruz

Logo depois da oração universal, tem início a adoração da Cruz, costume que se originou em Jerusalém a partir do Século IV, e que pode ocorrer de duas formas. Na primeira forma, um diácono (ou um acólito) parte do fundo da igreja com a cruz velada, acompanhada por duas velas acesas. A cruz é entregue ao presidente da celebração, junto ao altar, e este vai descobrindo-a em três partes, apresentando-a para adoração dos fiéis, entoando a cada parte descoberta a fórmula invitatória “Eis o lenho da Cruz do qual pendeu a salvação do mundo”. A assembleia responde: “Vinde, adoremos!”. Após, todos se ajoelham por alguns momentos, em adoração, enquanto o presidente, em pé, sustenta a cruz. Em seguida, inicia-se a adoração, com a cruz colocada frente ao presbitério, ladeada pelas velas.

Na segunda forma de apresentação, o diácono ou, na sua ausência, o próprio presidente da celebração, toma a cruz descoberta na porta da igreja e lá mesmo, depois ao meio do templo e à frente do presbitério, eleva a cruz e entoa a fórmula envitatória acima já descrita, havendo por parte da assembleia a mesma resposta. A entrada da cruz é acompanhada por duas velas. Ao final da terceira fórmula, todos se ajoelham em adoração, com exceção do presidente da celebração.

Para a adoração, esta se inicia com o presidente da celebração, seguido do diácono e ministros, e sequenciado pelo povo. A cruz é saudada com uma simples genuflexão, ou outro sinal adequado, de acordo com o costume local, como o beijo. Enquanto isso, cantam-se antífonas específicas ou outros cantos adequados.

Não pode haver mais de uma cruz exposta para a adoração. Caso a assembleia seja numerosa, após a adoração do presidente, membros do clero e parte dos fiéis, o presidente toma a cruz, dirigindo-se para junto do altar e de lá convida a assembleia a adorar a cruz. Em seguida, eleva a cruz durante algum tempo, enquanto os fiéis adoram-na em silêncio (cf. CB 323). Após o momento de adoração, a cruz fica exposta próximo do altar, ladeada pelas velas.


2.1.3 Sagrada Comunhão

Para a Sagrada Comunhão, dois castiçais acompanham as âmbulas que estavam no lugar da reposição pelo caminho mais curto entre este lugar e o altar. Enquanto isso, o altar já estará revestido da toalha; castiçais são colocados sobre o altar ou junto dele. A assembleia acompanha o momento ficando em pé.

Uma vez depositadas as âmbulas sobre o altar, o presidente genuflecte diante do Santíssimo e procede ao rito de comunhão, excetuando-se a oração pela paz e consequente saudação. Após a distribuição da Comunhão, as âmbulas são reconduzidas para o altar da Reposição. Não se volta as âmbulas para o sacrário, a menos que as circunstâncias assim exijam (cf. CB 328).


2.1.4 Bênção sobre o povo e final da ação litúrgica

Uma vez observado o silêncio sagrado, o presidente da celebração recita a oração depois da comunhão. Em seguida, profere, de mãos estendidas, a bênção sobre o povo. Em seguida, genuflecte diante da cruz e se dirige para a sacristia. A assembleia se retira em absoluto silêncio. O altar torna a ficar desnudado em tempo oportuno.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os mesmos cuidados devem ser levados em consideração em relação a outras liturgias dessa semana. A questão do microfone, que deve ser em número maior, caso haja leitores na narração da Paixão.

Neste dia, não se beija o livro ao final da narração da Paixão, tampouco se incensa ou se ladeia com tochas.

Na oração universal, cada prece é constituída de uma fórmula invitatória antes da oração proferida pelo presidente da celebração. Esta fórmula pode ser proferida por um diácono, no ambão.

Mesmo no início da ação litúrgica, onde for costume, estende-se um tecido roxo à frente do altar, onde o presidente da celebração se prostrará com rosto por terra.

Caso a apresentação da cruz ocorra conforme a primeira forma, seja o tecido preso por alfinetes, laços ou velcros que facilitem a descoberta por partes. A cor do véu usado deve ser roxa e a cruz deve conter a imagem de Cristo crucificado.

Para a adoração da cruz, é recomendado que acólitos, ministros ou outras pessoas sejam designadas para limpar com tecido as partes beijadas pelos fiéis, caso esse sinal seja costume da comunidade.

É preciso ter em mente que o termo "adorar" empregado nessa ação litúrgica não nos induz à adoração de imagem. Revivendo o drama da paixão e morte de Cristo, o adoramos enquanto Senhor crucificado que deu-nos vida por sua morte.

Neste dia costuma ocorrer a arrecadação de donativos enviados para as igrejas da Terra Santa. Algumas comunidades o promovem durante a adoração da cruz, mas pode também ser realizado durante a dispersão da assembleia, de modo sereno.

À noite, é costume haver procissões pelas ruas. Cada comunidade paroquial tende a organizar uma e até mesmo preparar uma dramatização da Paixão de Cristo. Embora sendo um momento de devoção popular não obrigatório, é a oportunidade que temos de manifestar publicamente nossa fé no Cristo morto e ressuscitado.

quarta-feira, 31 de março de 2010

QUINTA-FEIRA SANTA: MISSA DA CEIA DO SENHOR

“Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que Ele venha.”
(I Cor 11,26)

INTRODUÇÃO

No entardecer da Quinta-Feira Santa, incia-se o Tríduo Pascal, onde a Igreja revive os momentos derradeiros da vida de Nosso Senhor. Neste dia, celebra-se a Sagrada Ceia pela qual Cristo institui o Sacramento da Eucaristia. Amando os seus até o fim, Jesus antecipa sua entrega a favor da humanidade, pelo seu santíssimo Corpo e preciosíssimo Sangue nas espécies do pão e do vinho. Era uma ceia judaica e se aproximava a festa da Páscoa dos judeus.

A atitude de Nosso Senhor nos revela um Deus amoroso e sempre presente na vida e na história de seu povo. Ele perpetua sua presença entre nós, pela Eucaristia, instituindo também o sacerdócio ministerial ao ordenar que se celebre sempre aquela ceia em sua memória (cf. I Cor 11,24-25). Através dos sinais sacramentais perpetuados em nosso meio, portanto, celebramos também o seu Mistério Pascal.

Também conhecida como Missa do Lava-Pés, apesar de não ser o foco (este rito até pode ser omitido), esta celebração traz a dinâmica da humildade, que era o que aquele gesto indicava à época. Com isso, Jesus nos dá o novo mandamento do amor, que iguala escravos e livres, que devem servir o próximo indistintamente. O gesto do lava-pés traduz de maneira perfeita esse novo mandamento.


1 ASPECTOS CELEBRATIVOS

A celebração da Ceia do Senhor, assim como as demais celebrações do Tríduo Pascal é marcada pela ocorrência de elementos atípicos. Onde for recomendação, neste dia, doze pessoas terão seus pés lavados, repetindo o gesto de Cristo. Após a comunhão eucarística, ocorre o translado do Santíssimo Sacramento e o altar “perde” função a partir de então, até a Vigília Pascal, ficando desnudado, assim como seu entorno. Além disso, um clima de absoluto silêncio deve ser observado quando da dispersão da assembleia.


1.1 O QUE PROVIDENCIAR

De complexidade considerável, esta celebração requer cuidados extras em relação a uma Missa estacional (dominical cotidiana): a preocupação em se consagrar partículas em quantidade suficiente para a Liturgia da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa é um importante exemplo.

Além disso, necessário se faz separar o véu umeral para o momento do translado, turíbulo e naveta para a celebração (o Cerimonial dos Bispos indica um segundo turíbulo), tochas e velas.

No que diz respeito ao ritual do lava-pés, fundamental preparar os assentos para os designados, bem como preparar gremial (avental (se houver)) jarro e bacia com água, toalha para enxugar os pés e outra para que o presidente lave as mãos, incluindo sabonete e lavabo.

Para o translado do Santíssimo Sacramento, necessário preparar uma capela lateral, contendo um outro sacrário para reposição, bem como flores, velas e outros ornamentos adequados.


2 QUESTÕES PRÁTICAS

Dada a magnitude da celebração, convém que os leitores sejam orientados a ensaiarem bem os seus textos, de modo a evitar falhas durante as leituras. Da mesma forma, os designados para desnudar o altar podem simular o momento, priorizando o silêncio e a discrição.

Os “discípulos” devem ser orientados quanto aos procedimentos que ocorrerão durante a celebração. Para isso, uma reunião prévia deve ser realizada, na qual se priorizará o que segue:

- roupas: se não houver um traje padrão, oriente-se para que os participantes estejam adequadamente trajados: calça e camisa para os homens, o mesmo para as mulheres, permitindo-se o uso de vestidos ou saias abaixo do joelho;
- calçados: sandálias ou chinelos, evitando-se calçados fechados para facilitar o momento do “lava-pés”.
- postura: convém destacar a importância da postura, ainda mais por se tratar de pessoas que estarão em evidência.


2.1 O LAVA-PÉS

O rito do lava-pés, apesar de bastante significativo e dentro da dinâmica da celebração, não é obrigatório, razão pela qual pode ser realizado onde for costume ou aconselhado (cf. CB 301). Para a sua realização, após a homilia, os escolhidos são conduzidos até o lugar onde os assentos foram preparados. O presidente da celebração depõe a casula, podendo cingir-se com um gremial de linho adequado (o CB aponta esta possibilidade ao bispo, que eventualmente utilizando a dalmática, não poderá depô-la). Gremial é uma espécie de avental. Aproximando-se dos doze escolhidos, deita água no pé direito, enxugando-o em seguida. O rito não prevê o gesto do beijo, comumente disseminado pelas comunidades, mas também não o impede, indo do costume do local. Ainda que muitas comunidades escolham mulheres para a ocasião, o Cerimonial dos Bispos indica somente homens (idem).

Durante a realização do lava-pés, a equipe de canto entoa antífonas ou cantos adequados. Terminado o rito, o presidente lava as mãos, retoma a casula, e se dirige à cadeira presidencial (sédia), de onde prosseguirá a celebração, omitindo-se o Símbolo (Profissão de Fé), finalizando a Liturgia da Palavra com a oração dos fiéis. Não existe recomendação para que os doze permaneçam no mesmo local, sendo mais indicado que todos retornem aos seus lugares de origem, sobretudo se estiverem no presbitério.


2.2 SAUDAÇÃO DA PAZ: UMA CURIOSIDADE

Nas novas disposições trazidas pelo Concílio Vaticano II, que promoveu grandes reformas na Sagrada Liturgia, nada se observa quanto à saudação da Paz de Cristo. Contudo, na tradição pré-conciliar, o “ósculo da Paz” era omitido neste dia, consequência de um antiquíssimo uso da Igreja de não se dar a Paz na Sexta-feira Santa. Omitia-se, também, como sinal de horror pelo “beijo traidor” de Judas Iscariotes.


2.3 TRANSLADO

Para o momento do translado do Santíssimo Sacramento para o Altar da Reposição, após a oração depois da comunhão organiza-se uma procissão, com a seguinte ordem de integrantes: acólito com a cruz, acompanhado de acólitos que levam os castiçais com as velas acesas; a seguir o diácono e dois turiferários com os turíbulos fumegando, o presidente da celebração e ministros com o Santíssimo Sacramento. Todos levam velas e, junto do Santíssimo Sacramento levam-se tochas (cf. CB 307). Enquanto isso, canta-se um canto eucarístico apropriado, sendo mais indicado o “Canta Igreja”, exceto as duas últimas estrofes. Em relação à citação de referência, ocorre algumas variações em relação ao texto original, adaptados à realidade das comunidades, onde o presidente da celebração é o sacerdote.

Chegando-se ao local da reposição, o diácono ou, na falta dele, o presidente da celebração coloca as âmbulas sobre o altar ou no sacrário, mantendo-o com a porta aberta. De joelhos, o presidente incensa o Santíssimo Sacramento, enquanto se canta “Tão sublime”. Após a incensação, as âmbulas são recolhidas para o sacrário e a porta é fechada.

Observado um breve instante de adoração, todos se levantam, genufletem e deixam, em silêncio, o recinto, rumo à sacristia. Não há benção de envio (final). Após esse momento, é indispensável a observação do mais absoluto silêncio.

Dentro das condições de cada comunidade, é recomendado aos fiéis que durante a noite permaneçam em adoração. A partir da meia noite, porém, não deve haver nenhuma solenidade.


2.4 DESNUDAÇÃO DO ALTAR

Após o “término” da celebração, o altar é desnudado. Dele retira-se castiçais, cruz do altar, toalha e outros objetos. É comum ainda, embora não prevista, a retirada de outros objetos móveis localizados no presbitério, como cadeiras e imagens pequenas. Quanto às cruzes eventualmente existentes, se não removidas, que sejam cobertas. Imagens também costumam ficar ocultas.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É visível que a celebração envolve momentos de complexidade relevante, necessitando de cuidados especiais. Geralmente, as comunidades ficam repletas de fiéis; desta forma, haja o devido cuidado na escolha de leitores, para que as leituras sejam devidamente proclamadas. À frente, no espaço do presbitério, poderá haver uma mesa de estatura baixa e característica rude, onde estarão alguns pães (como sírios), um maço de trigo, um jarro com vinho e uvas (rosadas). Se oportuno, uma estola também ficaria junto aos outros símbolos, remetendo à ideia da instituição do sacerdócio ministerial, por meio do qual nos vem Cristo Eucarístico, nos dons do pão e do vinho.

A necessidade de prestar assistência ao presidente da celebração, sobretudo na ausência de diácono, é evidente. Haja essa preocupação, visando ao bom desenvolvimento da celebração.

Durante o hino de louvor é bastante significativo que os sinos sejam repicados, onde houver. Após esse momento, são “calados” até o hino de louvor na Vigília Pascal.

Na oração eucarística, durante a elevação das espécies transubstanciadas, onde for costume o uso de sinetas, estas deverão ser substituídas por matracas.

Neste dia é oportuna a distribuição da comunhão sob as duas espécies, já que a data é bastante significativa. Caso ocorra, redobre-se os cuidados sobre o preparo do altar, com um corporal maior, quantidade de cálices proporcional ao número de âmbulas, vinho em maior quantidade e ministros em número suficiente. Orientações relativas podem ser dirigidas aos fieis, em caso de necessidade.

Outro momento importante, está na observância do silêncio após o translado, tanto dentro quanto fora do espaço celebrativo. Haja orientação suficiente nesse sentido, preferencialmente antes da celebração, para não quebrar o clima solene e meditativo.

Como os próprios documentos relativos à liturgia indicam, não se expõe o Santíssimo à adoração dos fiéis, no ostensório; ao contrário, fica em âmbulas dentro do sacrário fechado.

quarta-feira, 24 de março de 2010

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

“Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos.”
(II Tm 1,12)

INTRODUÇÃO

Com ramos nas mãos, recordando a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém (cf. Lc 19,28-40), sendo aclamado rei pelo povo, a Igreja abre a Liturgia deste domingo. O Cerimonial dos Bispos (CB) salienta a duplo aspecto do Ministério Pascal de Cristo que convenientemente deve ser abordado na catequese deste dia (cf. CB 263), salientando que estamos inseridos na realidade pascal de Jesus, ou seja, sepultados para o pecado com Cristo, igualmente ressurgiremos para a eternidade em Deus.

É costume que nas comunidades haja apenas uma celebração com bênção e procissão dos ramos, no horário que for mais conveniente. As demais celebrações ocorrem sem esse momento de manifestação pública pelas ruas das comunidades.

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor é uma junção de duas liturgias muito ricas. A Liturgia das Palmas é herdada da Igreja-Mãe da Terra Santa que por volta do Século V recordava a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, percorrendo o mesmo caminho que Ele, revivendo com entusiasmo as cenas narradas pelos evangelistas A Igreja de Roma, por sua vez, celebrava de maneira austera a paixão de Cristo, antecipando seu santo sacrifício. A partir do Século XII, ocorre a incorporação da primeira liturgia à segunda, objetivando mostrar as duas extremidades daquela semana em que Jesus foi traído, condenado, flagelado e crucificado, mesmo sendo aclamado rei poucos dias antes.

Ao passo que a liturgia antecipa a memória da morte do Salvador, também antecipa sua Páscoa, proclamando-o rei. Por isso, essa data também ficou conhecida como a “Páscoa Florida”.


1 ASPECTOS CELEBRATIVOS

As missas deste dia são constituídas de duas partes, a saber: comemoração da entrada de Jesus em Jerusalém e celebração eucarística.


1.1 COMEMORAÇÃO DA ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM

Esta primeira parte tem início em local fora da igreja, como uma igreja menor ou outro lugar apropriado. Nesta parte, o presidente da celebração chega ao local, enquanto entoa-se um canto apropriado. Após, o presidente saúda a Santíssima Trindade e a assembleia reunida, convidando-a a participar de forma ativa e consciente da celebração do dia. Em seguida, profere a oração de bênção dos ramos, aspergindo-os em seguida.

Logo após a bênção dos ramos, ocorre a proclamação do Evangelho referente a esta primeira parte. Posteriormente, a convite do diácono ou do próprio presidente, inicia-se a procissão rumo à igreja. Enquanto caminha, a assembleia entoa cantos e aclamações em honra de Cristo-Rei.


1.1.1 Observações sobre a primeira parte

Considerando a celebração inciada em lugar externo, algumas considerações são pertinentes, como as relativas ao serviço de som adequado, objetos utilizados durante o rito e equipe de canto litúrgico.

Em relação ao som, indispensável ressaltar a importância que exerce ao permitir que todos os fiéis presentes ouçam com atenção e comodidade as orações, motivações e cantos relacionados ao momento. Convém se pensar numa mesa de som única, que seja móvel, de modo a permitir seu uso durante o trajeto processional até a igreja.

Quanto aos objetos litúrgicos, são essenciais para o bom andamento da celebração. A caldeira com o asperges, por exemplo, deve estar preparado e colocado sobre uma mesa. Atenção quanto a água; caso não esteja benta, avisar o presidente da celebração. E mais, a depender da quantidade de fiéis e da capacidade da caldeira, convém deixar um recipiente com mais água para acrescentar, em caso de necessidade de reposição. O uso de incenso também é bem propício nesta ocasião, motivo pelo qual turíbulo com brasa e naveta com incenso devem estar previamente preparados, tendo as funções de turiferário e naveteiro devidamente desempenhadas. A cruz processional pode estar ornada com alguns ramos bentos e seguirá em procissão logo atrás do turíbulo, ladeada pelas tochas (velas). Missal, lecionário e/ou evangeliário também devem estar previamente preparados, com as partes relacionadas já separadas pelas fitas que os acompanham.

Durante a aspersão dos ramos, é facultado ao presidente o uso da capa pluvial de cor vermelha, veste com a qual o presidente poderá conduzir toda a primeira parte da celebração.

Uma equipe de canto litúrgico é bastante importante nesse contexto, já que tem a função de sustentar a assembleia com cânticos. Ademais, diante de uma manifestação pública de fé em Cristo, nesse dia aclamado rei, essa e outras questões merecem esmero, de forma a envolver as pessoas que eventualmente acompanharão, mesmo sem participar, a procissão. A beleza e os cuidados também são formas de evangelização. Naturalmente, os cantos traduzem o espírito da celebração, que é proclamar Cristo como rei, dar hosanas ao Filho de Davi, tal como aquele povo à época do acontecimento.

Por fim, é conveniente a preparação de um belo ramo, talvez trabalhado, ornado com um laço vermelho, para que o presidente da celebração possa ostentá-lo durante o trajeto processional rumo à igreja.


1.2 CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

A partir da chegada da procissão à igreja, a celebração segue com a celebração eucarística. Estruturalmente pouco se diverge de outras celebrações, salvo os ritos iniciais que não ocorrerão. A narrativa da Paixão de Nosso Senhor é extensa e comumente participativa, onde vários leitores participam; o presidente normalmente lê os textos de Jesus e a assembleia interpreta o povo da época. Diante da narrativa do momento em que Cristo entrega seu espírito, uma pausa é inserida, acompanhada um momento onde todos se ajoelham. A partir deste ponto pós-narrativa da paixão, a celebração deixa de assumir particularidades, exceto durante a apresentação das oferendas, quando a Igreja no Brasil realiza a coleta da solidariedade, um gesto concreto à Campanha da Fraternidade realizada todos os anos no período da quaresma.


1.2.1 Observações sobre a segunda parte

Chegada à igreja, a procissão é finalizada. Os fiéis tomam seus lugares e a segunda parte desta celebração se inicia com a oração da coleta, omitindo-se os ritos iniciais comumente realizados nas demais celebrações e parcialmente empregado na primeira parte desta celebração. É costume nas comunidades, quando do fim da procissão, que a equipe celebrativa aguarde a entrada dos fiéis para, enfim, se dirigirem ao presbitério. De qualquer forma, não se trata de uma nova entrada processional, mas a conclusão da que se iniciou no ambiente externo.

Chegando ao presbitério, antes da veneração do altar, o presidente da celebração, se assim entender, retira a capa pluvial e se reveste da casula vermelha. Em seguida, venera o altar e o incensa. Ocupando a frente da cátedra, o presidente conduz a oração da coleta. Inicia-se, após, a Liturgia da Palavra, como de costume. Porém, o Evangelho, neste momento chamado de “Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, costuma contar com a participação de um narrador, alguns leitores, Jesus e o povo, sendo que as falas de Jesus costumam ser interpretadas pelo presidente da celebração, ao passo que as sentenças do povo são proferidas por toda a assembleia. Geralmente, os folhetos litúrgicos trazem essas indicações, sobretudo a respeito do momento onde toda a igreja se ajoelha durante uma pausa em silêncio (quando Jesus entrega seu espírito). Esse modo de narrar a paixão, caso ocorra, demanda muito preparo, sobretudo ensaios prévios, sendo recomendado pessoas experientes na função de leitor e que saibam usar o microfone de forma adequada. Convém, ainda, escalar somente homens para a narrativa, uma vez que as falas se referem a personagens do sexo masculino.

Para a narrativa da paixão de Nosso Senhor, não se incensa o livro litúrgico, nem se o ladeia com velas. Ao final, também não se beija o livro, como de costume.

Relativo à apresentação das oferendas, é costume a oferta do gesto concreto da quaresma, direcionado pela Campanha da Fraternidade. Para isso, a fim de separar essa coleta específica da cotidiana, deve haver o cuidado em se distribuir envelopes para esse fim.

Dentro das preocupações, além da cor litúrgica vermelha, é costume das comunidades adornar as igrejas com ramos. Contudo, haja cuidado para se evitar exageros, desviando a atenção da celebração, ainda mais que nessa segunda parte, o foco principal está na paixão de Nosso Senhor. Outro cuidado é preparar um cesto com ramos abençoados para distribuição aos fiéis que não trouxeram os seus. O melhor momento para esta distribuição é durante a dispersão da assembleia ao fim da celebração.


2 NAS CELEBRAÇÕES SEM PROCISSÃO

Onde não houver procissão, a bênção dos ramos poderá ocorrer na forma de entrada solene, onde os fiéis trazendo seus ramos, se reúnem na porta da igreja ou dentro dela. O presidente da celebração, acompanhado por alguns fiéis, se dirige para uma parte da igreja de onde haja boa visibilidade e, de lá, inicia a celebração saudando a Santíssima Trindade e a comunidade reunida. A partir desse ponto, a celebração segue nos moldes da primeira parte (ver 1.1), com exceção da procissão, que ocorrerá somente com o trajeto do presidente e equipe celebrativa até o presbitério para sequência, conforme a segunda parte (ver 1.2).


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dispensável informar os cuidados que devem cercar a preparação desta celebração. O fato de ser anual exige constante consulta aos livros litúrgicos a fim de se recordar cada passo. Para tanto, algumas reuniões antecipadas devem ocorrer para tratar de escalas, atribuição de funções, listagem de equipamentos, objetos e outras pendências, checagem das vestes utilizadas, enfim uma preparação prévia que visa evitar “furos” de ordem organizacional e litúrgica.

Em algumas comunidades é costume cobrir as imagens a partir deste dia. Em outras, as imagens são cobertas logo no início da quaresma. Caso haja esse propósito, os tecidos também deverão estar preparados para cobertura das imagens antes da celebração. Geralmente, usa-se tecido roxo para essa finalidade.

O fato de ser o domingo que antecede o grande Domingo da Ressurreição, com uma celebração diferenciada e que atrai olhares atentos por parte dos fiéis e de pessoas que estarão pelas ruas acompanhando as movimentações, a motivação deve ser maior, em vista de uma celebração bem conduzida e harmoniosa. Muito importante haver uma coordenação que se preocupe em estabelecer relações prévias entre presidente da celebração, equipes de canto litúrgico, escalados para funções e a própria comunidade. Dessa forma, o hosana entoado em honra de Cristo ganhará mais força e, pela 'comum unidade' dos participantes desse ato litúrgico, ecoará pelas ruas das nossas comunidades, das nossas cidades e de todo o mundo.

terça-feira, 23 de março de 2010

SEMANA SANTA

Nos próximos dias trataremos de um tema de relevante importância a nós, cristãos: a Semana Santa. Também conhecida como Semana Maior, é o momento onde atualizamos de forma intensa a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor. Daí a sua importância e destaque ante às demais datas litúrgicas. Para tanto, abordaremos as grandes datas desta semana, começando pelo Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, passando pela Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira da Paixão, Sábado Santo e culminando na grandiosa Vigília Pascal e Domingo da Ressurreição do Senhor. Muito mais que abordar a questão histórica dessas datas, algumas diretrizes serão oferecidas de forma a subsidiar as equipes de liturgia, em vista de celebrações bem preparadas e vivenciadas.

Morrendo nossa morte para que pudéssemos viver a sua vida, Jesus inaugura um novo tempo de reconciliação e de misericórdia. Renascidos pelo batismo e purificados pelo sacramento da reconciliação, somos chamados a fazer memorial do sacrifício único e definitivo de Cristo na cruz. A fim de bem celebrarmos os acontecimentos derradeiros do ministério de Jesus, a Igreja entra com seu Mestre no deserto e, com Ele, se prepara e busca forças para vencer o maligno a fim de evangelizar todos os povos, fazendo-os promotores da Verdade, propagadores do Cristo ressuscitado que passou pela cruz, símbolo de loucura para muitos, no qual nos gloriamos.

Acompanhe, portanto, as próximas publicações. Juntos refletiremos e viveremos, mais uma vez, os sofrimentos de Cristo, sepultando o homem velho e ressurgindo, gloriosos, para a nova vida que nos espera.