sábado, 12 de dezembro de 2009

O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL


Após a primeira
quinzena do mês de novembro, é muito comum o comércio todo já estar preparado para as vendas de Natal. Luzes, cores, tronos para o papai noel, castelos encantados, enfim, tudo é cuidadosamente preparado para atrair o consumidor (sobretudo as crianças). Trata-se de uma época muito propícia, considerada o ponto alto das vendas, já que a injeção do 13º salário deixa a economia superaquecida. As pessoas tendem a ficar mais sensíveis, caridosas e até bondosas. Parece que as festas de fim de ano são como os capítulos finais de uma novela, onde a emoção toma conta das pessoas. Na verdade os capítulos finais se referem a mais um ano e, passadas as festas e o período de férias escolares, tudo volta como antes.

Pois bem, em meados de novembro, caminhava pelo centro da cidade onde trabalho quando me deparei com uma megaloja cheia de produtos natalinos. Não me contive – já que gosto de conferir novidades – e adentrei o estabelecimento. Logo nos primeiros passos ouvi uma senhora, um tanto perturbada com uma segunda pessoa, que dizia: “ah, não quero [enfeites de] sinos. Isso é coisa de igreja. Eu quero uma coisa que lembre o Natal”. Não demorou muito até encontrar um belo boneco do papai noel, apontando que aquilo sim lembrava o Natal. Preferi me calar diante de tal absurdo, pois parece que eu era minoria num “templo de consumo” onde quem manda na grande festa cristã parece ser o papai noel.

Nos grandes centros de compras, lá está o bom velhinho, rodeado de crianças interesseiras que não receberam a devida educação de seus pais, pelo menos com respeito a essa festividade. Acredita-se no papai noel, dá-se crédito a ele, coloca-se sua estátua em casa, estabelece-se a “política de merecimento” onde presente é consequência de bom comportamento. E o centro das comemorações é canalizado àquele que carrega um enorme saco cheio de presente! Jesus? Quem é este desconhecido?

Não há mais lugar para Cristo, assim como não havia lugar para seus pais na noite de seu nascimento. Já não se monta mais o presépio nas casas, tampouco o Menino-Deus ocupa um espaço, ainda que modesto (mesmo sendo Ele a razão da data celebrada), entre os enfeites do comércio. As pessoas confundem o Natal, trocando a figura central de Cristo pelo papai noel, assim como a Festa da Ressurreição de Jesus – a Páscoa, é reduzida a uma mera troca de ovos de chocolate, supostamente trazidos por um coelhinho.

Aquela pobre senhora (reforço, pobre senhora), já com seus pelo menos 70 anos, ainda não entendeu o sentido do Natal. A tradição, quando transmitida sem um fundamento sólido, se resume a apenas um costume. E costumes não se discutem, são vividos sem questionamentos.

Enfim, o Natal se aproxima. Voltamos àquele tempo, onde a Virgem Maria, acompanhada de seu esposo, São José, procuravam um lugar para o nascimento do Menino. Na Noite Santa, ofertaremos nossos corações quentes ou daremos nossas festas frias, carecidas de sentido? Sem Jesus, a ceia natalina é uma refeição comum, a árvore de Natal é um simples pinheiro enfeitado, as luzes são apenas um fator encarecedor da conta de energia elétrica, os presentes não passam de uma troca de gentilezas muitas vezes forçada. Mas se nos reunimos para valorizar a família, para entoar cantos alegres, para celebrar a vitória conquistada a cada dia de um ano que vai se encerrando; se as mãos se entrelaçam numa prece de ação de graças, se os presentes se remetem às lembranças trazidas pelos magos do oriente, aí sim celebramos uma festa bonita, cheia de sentido e cor. Afinal, o Natal objetiva proporcionar a reflexão, a mudança de atitude, o perdão, o desejo de paz universal e de vivência da Boa Nova que o aniversariante semeou.

Que neste Natal, o desejo de um mundo melhor sobreponha os interesses pessoais. Que os inimigos deem as mãos, que a maldade seja sufocada pelo bem, que o ódio seja superado pelo amor. E onde há amor aí Deus está, porque Deus não tem amor, mas é o próprio amor, amor feito homem para nos salvar.

FELIZ NATAL!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O CULTO À VIRGEM MARIA E AOS SANTOS

(originalmente publicada na edição de novembro/2009 do Informativo Anunciando)

O culto mariano existe desde os primórdios da Igreja. Aliás, na própria Bíblia encontramos indícios da veneração à Virgem como quando uma mulher do meio da multidão ergue a voz para proclamar um elogio à Mãe de Jesus: “Bem aventurado as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!” E Jesus responde: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,27-28), ou seja, Cristo proclama sua mãe como duplamente bem-aventurada, pois além de gerá-lo ainda observa a Palavra. O louvor pronunciado pela mulher é repetição do louvor proclamado inicialmente por Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42). O culto de veneração à Maria ganha força, sobretudo, após a definição do dogma da sua maternidade divina pelo Concílio de Éfeso (431). A partir daí, ao longo dos séculos, os títulos relacionados à Maria, as suas festas litúrgicas e as expressões da piedade popular a seu respeito foram se multiplicando. Outros dogmas foram proclamados posteriormente, a saber: Virgindade Perpétua (Concílio de Latrão, em 649), Imaculada Conceição (Papa Pio IX, em 1854) e Assunção de Maria (Pio XII, em 1950).

Da mesma forma, o culto aos santos também remonta ao início da era cristã. O sentido de tamanha veneração está no exemplo que estes homens e mulheres constituem, vivendo a sua humanidade abraçados à causa do Evangelho, do serviço e da doação. Tamanha graça de Deus numa vida eternizada em sua glória, donde podem interceder por nós junto de Cristo (cf. Mt 22,30 e Ap 6,9s).

Profundamente enraizada na tradição cristã, esta devoção sempre mereceu os cuidados da Igreja em não permitir que o culto mariano (hiperdulia), bem como o culto aos anjos e santos (dulia) ultrapassasse os limites, a ponto de se confundir com o culto prestado exclusivamente a Deus (latria). Interessante destacar as três modalidades de culto praticadas pela Santa Igreja: a dulia, a hiperdulia e a latria. De origem grega significam, respectivamente, honra, [culto] acima da honra (sem caracterizar adoração) e adoração. Portanto, não existe adoração a santos ou imagens, mas sim um culto de veneração, cujos exemplos são dignos de serem seguidos por quem também deseja alcançar a santidade em Deus.

Santos e Santas de Deus, roguem por nós!

sábado, 21 de novembro de 2009

CRUZ DO ALTAR

Vemos no Brasil um fenômeno muito interessante e belo: a valorização da arte sacra. Depois de tanto tempo menosprezada, essa questão vem sendo retomada e conduzida com maestria. Nomes conceituados como o do artista plástico Cláudio Pastro conferem aos nossos templos uma nova concepção. São formas e cores que enchem olhares e favorecem o clima orante. Percebemos, contudo, que a cruz já não ocupa mais o centro do presbitério como outrora, dando lugar a pinturas e mosaicos belíssimos, muitas vezes com formatos estilizados e parecidos com os ícones da Igreja Oriental. Mas ao contrário do que muitos pensam, se adequar às normas propostas pelo Concílio Vaticano II, de forma alguma, exclui a necessidade de se haver no espaço celebrativo e visível a toda a assembleia, uma cruz com a imagem do Crucificado. Assim diz o Missal Romano:

IGMR, 122: “A cruz, ornada com a imagem do Cristo crucificado trazida eventualmente na procissão, pode ser colocada junto ao altar, de modo que se torna a cruz do altar, que deve ser uma só; caso contrário, ela será guardada em lugar adequado; os castiçais são colocados sobre o altar ou junto dele; o Evangeliário seja colocado sobre o altar”.

E ainda ratifica o Cerimonial dos Bispos:


Cerimonial dos Bispos, 129: “É de louvar que a cruz processional fique erguida junto do altar, de modo a ser a própria cruz do altar”.

Em muitos lugares é costume virar a cruz na direção de quem preside a celebração, tradição que, embora não sendo norma é pertinente. Os livros litúrgicos apontam a necessidade de haver uma cruz voltada para a assembleia reunida. Mas não basta somente um madeiro exposto; este deve conter a imagem de Cristo crucificado. Em lugares onde não existe a cruz voltada para o povo, a cruz do altar (processional) deve ficar voltada para a comunidade reunida. Em alguns locais a cruz processional fica inicialmente voltada para o povo. Chegando da procissão de entrada é imediatamente colocada de frente para a nave. Posteriormente, fica de costas para a assembleia (e de frente para quem preside a celebração) na preparação do altar para a oração eucarística. Durante a comunhão é voltada novamente para o povo. Haveria uma variação na regra quando do uso de incenso. Chegando ao presbitério, a cruz ficaria inicialmente de costas para o povo para que o presidente da celebração a incense antes do altar. Após a incensação ficaria voltada para o povo, seguindo os procedimentos já descritos.

No caso de não haver cruz processional e somente a cruz do altar (fixa) esta deverá estar sobre o altar de modo centralizado, ladeada por castiçais com velas (duas para celebrações feriais, quatro ou seis para celebrações dominicais ou festivas e sete para celebrações presididas pelo bispo (cf. IGMR 117)). Outra forma comumente usada e que não encontra objeções, é a substituição das velas sobre o altar por quatro castiçais de chão, cada um próximo a uma das quatro pontas do altar.

Um detalhe interessante diz respeito sobre a tradição de manter a cruz, quando sobre o altar, centralizada sobre ele. Sobre isso, o Papa Bento XVI, então Cardeal Joseph Ratzinger, escreveu:

"Mudar a cruz do altar para o lado para dar uma visão ininterrupta do sacerdote é algo que considero um dos fenômenos verdadeiramente absurdos das décadas recentes. A cruz é obstrutiva durante a Missa? O sacerdote é mais importante que o Senhor? Este erro deve ser corrigido tão rapidamente quanto possível; pode ser feito sem ulteriores reconstruções."
(RATZINGER, Joseph. The Spirit of the Liturgy, pág. 80-81, 2000. tradução livre).

Um outro dado curioso: a permissão de uso da cruz de altar e/ou da que fica visível ao povo sem o adorno do Crucificado foi revogada em 20 de dezembro de 1659 (cf. http://harmoniacelestial.wordpress.com/2009/05/23/liturgia-geral-os-santos-lugares-ornamentos-do-altar/). Em outras palavras, a Igreja anuncia Cristo crucificado (cf. I Cor 1,23) e renova, de forma incruenta, o seu sacrifício redentor, daí vindo a necessidade de se haver no espaço celebrativo a cruz com a imagem do Crucificado, indicando que nossa salvação não está simplesmente na cruz, mas Naquele que foi crucificado.

Fica, portanto, o desafio às nossas comunidades em se adequar às normas da Igreja, de modo a celebrar com decoro e em comunhão universal. Como cristãos, não devemos desviar os olhos da Cruz. Nela, pela expiação de Cristo, está nossa salvação e é passando por ela que nos encontraremos com Ele, na Igreja Triunfante.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

LITURGIA EUCARÍSTICA

(originalmente publicada na edição de setembro do Informativo Anunciando, com adaptações)

Na última postagem, tratamos alguns aspectos da Liturgia da Palavra. Paramos, porém, onde se inicia a Liturgia Eucarística, após a oração da comunidade.

Estando a assembleia sentada, o altar começa a ser preparado para receber as oferendas. Estas, convenientemente, são apresentadas por fiéis, memória ao início do cristianismo, quando pão e vinho eram levados de casa pelos participantes da Ceia.

Após a apresentação dos dons pelo presidente da celebração, enquanto a assembleia realiza a partilha fraterna, segue o convite à oração e também a oração sobre as oferendas, até se chegar ao momento mais importante: a oração eucarística. Esta oração é composta pelo prefácio (ação de graças), memorial (narrativa da última Ceia), invocação do Espírito Santo, em prol da comunhão perfeita entre o fiel e Cristo e para que os frutos do sacrifício redentor se estendam a toda a humanidade. Constitui a oração eucarística, ainda, as intercessões, quando lembramos todas as pessoas que compõem o corpo místico de Cristo, e a doxologia final, concluindo essa grande oração e “exprimindo a glorificação de Deus em Cristo e na Igreja” (cf. Missal Cotidiano, Missal da Assembleia Cristã – Paulus).

Às palavras da oração eucarística sejam dados o devido respeito e reverência. A assembleia permaneça silenciosa, evitando se locomover pelo espaço celebrativo. O hino do Santo deve ser cantado por todos, razão pelo qual deve ter fidelidade ao texto original, o que evita exclusões. Às palavras proferidas por Jesus na última ceia, a assembleia se coloca de joelhos, dirigindo seus olhares ao altar do sacrifício. Torna a ficar em pé diante das palavras “eis o mistério da fé”. Esta oração é finalizada pela doxologia “por Cristo...”, proferida exclusivamente pelo sacerdote.

Na sequência, entra-se no Rito de Comunhão, quando todos rezam o Pai Nosso. Na liturgia, essa oração não é concluída com o amém. A oração pela paz é proferida somente pelo sacerdote, ao que a assembleia conclui com o “amém”. Havendo a saudação, esta se dá de forma breve e suave, estendida somente aos mais próximos. A invocação do Cordeiro de Deus acompanha a fração do pão. Por esse motivo, pode ser repetida quantas vezes forem necessárias, ao menos duas, concluída com as palavras “dai-nos a paz” (IGMR 83).

Chegado o momento da comunhão, algumas disposições devem ser seguidas à risca. Existem três formas de comungar: de joelhos e em pé, diretamente na boca ou na mão. Contudo, ao se comungar em pé, é necessária uma prévia reverência à Eucaristia. Quem opta pela comunhão na mão deve colocar a mão esquerda sobre a direita, formando uma espécie de trono onde a hóstia será depositada. Em seguida, com a mão direita, o comungante leva a Eucaristia até a boca, consumindo todo possível fragmento que tenha ficado na mão. Não se deve receber Jesus com os dedos em forma de pinça, da mesma forma que não é permitido comungar fora do local em que se recebeu a comunhão: ela deve ser consumida diante do ministro (ordinário ou extraordinário). A oração de contemplação e adoração seja feita em silêncio, não havendo necessidade de se ajoelhar.

Após o devido momento de ação de graças e silêncio oportuno, o presidente da celebração convida a assembleia à oração depois da comunhão, que conclui o rito da comunhão e, por conseguinte, a Liturgia Eucarística.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

LITURGIA DA PALAVRA

(originalmente publicada na edição de agosto do Informativo Anunciando.
Porém, o texto aqui apresentado segue na íntegra, com adaptações)


As mesas da Palavra e da Eucaristia formam uma única mesa. Dessa forma, podemos assegurar que as liturgias da Palavra e a Eucarística constituem um só ato de culto (cf IGMR 28).

Após a saudação inicial, ato penitencial e oração do dia, momentos que, juntos, formam os ritos iniciais, dá-se início à Liturgia da Palavra. Nela são proferidas leituras bíblicas, seguida da homilia, profissão de fé e encerrada pela oração da comunidade. Vamos, neste artigo, focar algumas disposições litúrgicas que por vezes passam despercebidas.

Após a oração da coleta, que segue o Hino de Louvor, a assembleia toma assento para ouvir a Palavra de Deus, colocando-se de pé durante a aclamação e proclamação do Evangelho. Em seguida, volta a se sentar para ouvir a homilia. Contudo, torna a ficar em pé na profissão de fé, finalizada pela oração da comunidade.

Outros gestos são esperados conforme o desenrolar da Liturgia da Palavra. Durante a proclamação do Evangelho, todos os olhares devem se voltar à Mesa da Palavra, inclusive o corpo. Apesar de impresso no folheto litúrgico, este deve ser deixado de lado. Mais adiante, durante a profissão de fé, todos devem se inclinar ao proferir “e se encarnou...” até “e se fez homem” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano) ou “que foi concebido pelo poder...” até “nasceu da Virgem Maria” (Símbolo Apostólico). Nas solenidades do Natal e da Anunciação do Senhor, porém, todos se ajoelham, substituindo a inclinação.

A oração da comunidade (ou oração universal), como o nome já sugere não é um momento individual de apresentação de preces. Pessoalmente, apresentamos nossas súplicas na oração da coleta. Pelo contrário, a Liturgia da Palavra é concluída com preces comunitárias, que geralmente contemplam as seguintes realidades: 1. necessidades da Igreja; 2. autoridades civis e salvação do mundo; 3. pelos que sofrem dificuldades; e 4. comunidade local. Eventualmente, essa estrutura pode sofrer adaptações, de acordo com a realidade da comunidade e a liturgia celebrada.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

LITURGIA NA COMUNIDADE CATÓLICA SHALOM

Resolvi escrever esse post para retratar uma feliz realidade a qual tive a oportunidade de participar. Dia 9 de julho pp., fui com um amigo a uma celebração especial. Era o 27º aniversário da Comunidade Católica Shalom e na Missão Santo Amaro (São Paulo), assim como em todas as outras, celebrações de ação de graças aconteceram.

O espaço celebrativo estava repleto de pessoas; no presbitério, um belíssimo ícone e um conjunto harmonioso de mobília litúrgica. O cheiro agradável do incenso indicava que uma celebração grandiosa e festiva estava por vir.

Logo na procissão de entrada, algo diferente e belo: uma equipe de jovens expressava alegria através de passos bem coreografados, marcados por uma leveza de gestos e expressão facial, impressionante inculturação que atende à realidade brasileira.

A equipe de canto foi formidável de início a fim, com vozes bem colocadas e em boa quantidade, com instrumentos bem empregados, fugindo, inclusive, do tradicional, como o uso do violino. Cantos muito bem escolhidos, de melodias agradáveis e, acima de tudo, litúrgicos.

Logo no ato penitencial, um canto prévio de motivação, seguido de uma condução para abertura dos corações ao perdão de Deus; em seguida, cantou-se o Kyrie. O hino de louvor também merece destaque justamente por ter sua letra original e fiel transformada em canto vibrante.

Concluído os ritos iniciais, iniciou-se a Liturgia da Palavra com leituras e Evangelho muito bem proclamados. Destaque especial ao Salmo Responsorial, com melodia suave e de profunda interiorização.

As preces dos irmãos, desprezando textos prontos, muitas vezes preparados por pessoas distantes, foi realizado de maneira espontânea, e a comunidade soube interceder à altura.

Na Oração Eucarística, outro momento belo. Respostas cantadas numa melodia diferente, de forma também vibrante, o hino do Santo e o Agnus Dei foram entoados em latim!

Outros momentos, seguindo a mesma linha, foram realizados com grande decoro e beleza. Posso afirmar que valeu muito a pena a “viagem” de Santo André até a região de Santo Amaro. Fui muito bem acolhido – tanto é verdade que já voltei lá outras vezes, sem contar a identidade que senti com o carisma da Comunidade Católica Shalom, através da Liturgia.

Aos que se interessarem, fica o convite para participar das missas dominicais, sempre às 16h, na Missão Santo Amaro da Comunidade Católica Shalom, localizada na Rua Maria Casusa Feitosa, 129 – Jordanópolis (Entrada do Grajaú – Paralela à Avenida Teotônio Vilela) – telefone 11 5925-5002.

Shalom!

(imagens disponíveis em http://www.comshalom.org/vocacao/missoes/2008/album.php?Id=3261)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

COM QUE ROUPA EU VOU?

(originalmente publicada na edição de abril/2008 do Informativo Anunciando, com revisões e adaptações)

Provavelmente, a grande maioria dos leitores deste blog já tenha usado ou ouvido o termo “roupa de missa”. Esta expressão serve para elogiar alguém que está bem vestido, que usa uma roupa diferente do dia-a-dia. Isso porque antigamente as pessoas reservavam as melhores roupas para ir à igreja. Antigamente? É o que iremos refletir.

Em cidades litorâneas e em grandes centros de peregrinação é muito comum haver placas de advertência na entrada dos templos, dispondo sobre a proibição de adentrar as igrejas com “trajes impróprios”. Óbvio... Não se entra com traje de banho num espaço sagrado, da mesma forma que não é conveniente usar minissaias, shorts, camisetas regatas, decotes exagerados, muito menos bonés, toucas e chapéus, a menos que seja o bispo com sua mitra e solidéu, já que se trata de paramento litúrgico.

A respeito da comunhão eucarística, o Catecismo da Igreja Católica diz: "A atitude corporal (gestos, roupa) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede." (CIC 1387). De fato, como bem lembra o texto citado, a missa é um ato solene, onde atualizamos o mistério pascal de Jesus: sua paixão, morte e ressurreição. Atualizar significa reviver sem que isso implique uma nova expiação, pelo contrário, o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia, formam um único sacrifício; apenas a maneira de oferecer difere ambos (cf. CIC 1367).

Diante do exposto, surge a pergunta que é título desta postagem: com que roupa eu vou? Se uma pessoa entrar numa loja e pedir uma roupa para uma ocasião solene, qual o vendedor vai indicar? Diante de um encontro com uma pessoa muito importante, numa entrevista de emprego ou perante um juiz de direito, qual roupa seria adequada?

Cada lugar requer uma vestimenta característica: por mais que faça calor, não se usa roupa de praia no trabalho, da mesma forma que ninguém vai dar um mergulho vestindo camisa e gravata. Raramente a camisa do time de futebol do coração será bem-vinda ao ambiente de trabalho, assim como a barriga a mostra, shorts ou chinelo implicaria na proibição de acesso a um fórum. A regra de ouro na escolha de um traje que seja adequado a certo ambiente é o uso do bom senso. E é essa percepção que supera pensamentos do tipo “o que importa é o coração” ou “sou íntimo de Deus” ou ainda “não tem nada demais”. Claro que ninguém tem o direito de julgar, mas todos têm o dever de fazer com que o corpo, templo do Espírito Santo, seja morada que não escandalize a comunidade. É óbvio, também, que não existe nenhum mandamento fixando um certo tipo de veste para se participar de uma celebração litúrgica. O que existem são alertas a respeito da dignidade e decoro do espaço litúrgico que devem ser levadas em conta na hora de escolher a vestimenta que melhor traduza a grandeza da dimensão celebrada.

Em 2004, João Paulo II, em uma Carta Apostólica, assim se expressou: “torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da missa quanto no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da presença real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo”, não só por ocasião da missa, mas em consequência da presença real na Eucaristia. A atitude de quem está no templo “seja caracterizada por um respeito extremo” (Mane Nobiscum Domine, nº 18).

Para concluir, cito as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas homilias: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor.” E continua: “Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?”

segunda-feira, 6 de julho de 2009

SILÊNCIO NA LITURGIA

(originalmente publicada na edição de março/2006 do Informativo Anunciando, com revisões e acréscimos)

“A paz que eu sempre quis estava no silêncio que eu nunca fiz...”
(Banda Vida Reluz, A paz que eu sempre quis)

A espontaneidade na liturgia, manifestada através de cantos fervorosos, mãos elevadas, aplausos entre outros, são fatores que podem contribuir para uma celebração mais bem vivenciada, pois, dessa forma, expressamos com todo o corpo o que sentimos perante Deus. Mas quando deparamos com a realidade que nos cerca, percebemos que a liturgia vem sendo conduzida para o barulho, assim como a sociedade está sendo “educada”. É difícil nos silenciarmos, seja em casa, no trabalho, estudos ou até na igreja! Cria-se o hábito de cobrir qualquer ausência de barulho com conversas, gargalhadas ou até mesmo um batuque improvisado.

Na liturgia, o silêncio vem sendo esquecido, menosprezado. Quantos não acham que um momento de serenidade é uma falha na celebração? Basta haver um instante de silêncio para ouvirmos sussurros ou até conversas de pessoas que vão à igreja, mas não formam Igreja, ou seja, permanecem no meio da assembleia ou ficam do lado de fora do templo,conversando, atrapalhando uma celebração, quando deveriam se congregar com os demais irmãos, unidos para celebrar a nova vida dada por Cristo!

O mesmo acontecimento é comum antes do início da celebração. Quantos não são os que adentram o templo e logo puxam assuntos com alguns presentes, tirando o aspecto sagrado do local? Não são capazes de se silenciar por um instante, recolhendo-se em oração ou ao menos respeitando o espaço e as pessoas que ali vão chegando, com o desejo de elevar a Deus alguma prece ou ação de graças, nos momentos que antecedem a Missa.

Durante a celebração então... Celulares que tocam (e tem gente que corre para atender, justificados os casos realmente necessários, embora um modo silencioso fosse o mais indicado para a ocasião), pessoas que não “silenciam” o corpo e andam de um lado para outro, inclusive diante da elevação do Cristo Sacramentado! Parecem não compreender o que está acontecendo...

Dentro da liturgia, existem alguns momentos que devem ser marcados pelo silêncio. Estes vão desde as pausas após o convite para uma oração (oremos), no intervalo entre a primeira leitura e o salmo responsorial, durante a elevação do Santíssimo Sangue e Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, durante a comunhão e após esse sublime momento, na ação de graças. Recomenda-se breve silêncio, ainda, logo após a homilia.

É preciso, pois, resgatar com urgência a observação do silêncio na sociedade, sobretudo na liturgia. Deixar de fazer barulho não é, obrigatoriamente, fazer silêncio, pois somente ele pode nos proporcionar recolhimento, meditação, encontro consigo mesmo e com o Criador! Não precisamos ir muito longe para buscar um exemplo admirável de seguimento a Cristo através do silêncio. Sua mãe, Maria, é também conhecida como a Virgem do Silêncio, pois guardava palavras e gestos de Cristo em seu coração (cf. Lc 2,51b). Por isso, cante, louve, aplauda, se emocione, mas também faça a experiência do silêncio. É através dele que ouvimos claramente a voz do Pai que nos chama a uma vida de entrega, longe do mal.

domingo, 21 de junho de 2009

Para começar, o que é liturgia?

Para muitos, liturgia é um assunto vasto, complexo e de extremo grau de dificuldade. De fato, estudar liturgia exige muita dedicação e sempre existe algo novo a conhecer e se aprofundar. E mesmo diante de tanto conhecimento, nos deparamos diante da necessidade de revisar, reaprender ou mesmo olhar para um determinado ponto sobre outro ângulo. Exceto pela primeira característica citada, que é verdadeira, não se pode atribuir à liturgia o status de algo impossível de se aprender. As “regras” são simples e se aplicam a todo o rito, salvo algumas particularidades.

Mas afinal, o que é liturgia?

Com origem na palavra grega λειτουργία, que corresponde a serviço ou trabalho público, aplicando-se à nossa realidade, liturgia é ação do povo que presta e rende a Deus o seu culto, parametrizado por um conjunto de regras que lhe conferem uma característica própria. Essas regras são encontradas em livros próprios, em forma de texto introdutório e/ou diretório ou em forma de pequenas instruções dispostas no desenrolar do ofício celebrado, as chamadas rubricas. Missal Romano e Cerimonial dos Bispos são exemplos de livros onde é possível encontrar tais instruções.

A ação litúrgica não se restringe somente à Missa. Todo sacramento é uma celebração litúrgica (CIC 1480a), assim como os sacramentais, a exemplo das exéquias (CIC 1684). O mesmo Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “a liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os atualiza, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério.” (CIC 1104).

A tradição cristã é riquíssima, construída ao longo dos séculos de maneira sólida e bela. E essa graça se estende de maneira singular à liturgia. Esse patrimônio continua crescendo, enriquecido pelas novas experiências vivenciadas no tempo presente, pelo povo de Deus, Igreja Militante rumo à Igreja Triunfante.

Portanto, teremos muito assunto para tratar neste espaço. Focaremos a liturgia da Missa, mas é possível que em algum momento falemos também de outras ações litúrgicas.

Bom, por hoje é isso. Fique na Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Estreia

A Paz de Cristo!

É com grande alegria e intenso júbilo que inauguro este blog.
Por muitas vezes desejei estabelecer um canal onde fosse possível partilhar experiências, conhecimentos, textos e notícias relacionadas à Liturgia Cristã Católica.
Depois de muito insistir, inicio hoje essa nova missão, a qual espero que seja bem-sucedida. Para isso, conto com a ajuda de vocês...

Em breve, portanto, começaremos esse relacionamento, em busca de uma liturgia ricamente celebrada em nossas comunidades. Até a próxima!

Carlos Henrique Migliorim