domingo, 7 de fevereiro de 2010

CRIANÇA NA LITURGIA


É prática comum de algumas denominações religiosas promover uma espécie de escola infantil durante seus cultos. Dessa forma, a criança fica num ambiente a parte, enquanto seus pais ou responsáveis participam com mais calma do ato religioso.

Várias pessoas defendem essa prática como saída para as missas barulhentas, cheias de crianças que correm de um lado para outro, fazem novas amizades, gritam e choram. Dentro da Igreja, já é um costume ocorrer os “grupinhos” em dia de grupo de oração da Renovação Carismática Católica – RCC. Neles, as crianças brincam e se integram, não deixando de lado a oração e o aprendizado. Da mesma forma, algumas paróquias adotaram esse hábito nas missas.

É possível visualizar um problema quando a missa apresenta um “escape” desses. Diferentemente dos grupos de oração ou dos cultos de outras denominações religiosas, a Igreja convida todos a um encontro profundo com o Ressuscitado. Não apenas por palavras e cantos de louvor, mas por sua privilegiada presença na eucaristia. A missa, portanto, vai além de um simples culto, pois obediente às palavras de Cristo na última ceia, atualiza sua presença de forma real, nos dons do pão e do vinho, transubstanciados verdadeiramente no corpo e no sangue de Nosso Senhor.

A Igreja prevê a possibilidade de se adaptar a linguagem usada na missa para que a criança não se sinta excluída, pelo contrário, sinta-se acolhida e membro ativo da comunidade cristã. Assim, muitas comunidades dedicam horários de celebração aos pequeninos, geralmente a missa onde as crianças que se preparam para a primeira eucaristia frequentam. Não se trata de uma liturgia modificada, mas de uma linguagem mais acessível, popular, com cantos diferenciados. Inclusive, no Missal Romano, existem orações destinadas à assembleia infantil, caso de algumas orações eucarísticas.

Mas independente dessa realidade, os pais devem ter a constante preocupação de incentivar seus filhos a participar da missa. Infelizmente, vemos pais que levam praticamente uma caixa de brinquedos à igreja, como forma de manter a criança quieta, brincando no banco, desatenta ao que acontece ao se redor. Outros pais levam alimentos, sobretudo doces, para seus filhos se sentirem como em casa. Despreparam a criança para a vida em comunidade, começando a não educar de forma correta e saudável. A criança não pode ser subestimada; na escola precisa permanecer em silêncio durante a aula, no esporte que pratica também precisa se concentrar nas instruções do treinador. Da mesma forma, na igreja, é preciso silêncio para meditar e aprender a ser cristão e a agradar a Deus. Enquanto as crianças forem tratadas dessa forma, poderemos ter pessoas descompromissadas, carecidas de sentido para o que fazem e frustradas. Possivelmente se tornem adultos vazios e confusos, na ótica da fé, dentre outras coisas.

É urgente uma redescoberta da importância da vida cristã e em comunidade. E isso inclui saber que há momentos para cada coisa, e que na missa não é lugar para conversas e recreações. Colocada de maneira suave, aliada ao constante incentivo sobre a necessidade de Deus e o quão agradável é estar em sua presença, tudo fica mais fácil. É duro ver jovens que vão à igreja para reencontrar amigos, paquerar, conversar e rir durante a missa. Talvez tenham sido exatamente estes que quando crianças eram deixados à vontade, soltos para praticar o que quisessem. A comunidade que hoje os critica é, muitas vezes, a mesma que os educou outrora.

Não existe maior patrimônio a se deixar para um filho, para uma pessoa, que a fé. Ela é o que dá fundamento e sentido a todas as outras coisas. A criança tem essa capacidade maior de absorver o que lhe é transmitido e, assim, continuar propagando a fé cristã. E só quem a tem sabe quanta diferença faz na vida.

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