É prática comum de algumas

Várias pessoas defendem essa prática como saída para as missas barulhentas, cheias de crianças que correm de um lado para outro, fazem novas amizades, gritam e choram. Dentro da Igreja, já é um costume ocorrer os “grupinhos” em dia de grupo de oração da Renovação Carismática Católica – RCC. Neles, as crianças brincam e se integram, não deixando de lado a oração e o aprendizado. Da mesma forma, algumas paróquias adotaram esse hábito nas missas.
É possível visualizar um problema quando a missa apresenta um “escape” desses. Diferentemente dos grupos de oração ou dos cultos de outras denominações religiosas, a Igreja convida todos a um encontro profundo com o Ressuscitado. Não apenas por palavras e cantos de louvor, mas por sua privilegiada presença na eucaristia. A missa, portanto, vai além de um simples culto, pois obediente às palavras de Cristo na última ceia, atualiza sua presença de forma real, nos dons do pão e do vinho, transubstanciados verdadeiramente no corpo e no sangue de Nosso Senhor.
A Igreja prevê a possibilidade de se adaptar a linguagem usada na missa para que a criança não se sinta excluída, pelo contrário, sinta-se acolhida e membro ativo da comunidade cristã. Assim, muitas comunidades dedicam horários de celebração aos pequeninos, geralmente a missa onde as crianças que se preparam para a primeira eucaristia frequentam. Não se trata de uma liturgia modificada, mas de uma linguagem mais acessível, popular, com cantos diferenciados. Inclusive, no Missal Romano, existem orações destinadas à assembleia infantil, caso de algumas orações eucarísticas.
Mas independente dessa realidade, os pais devem ter a constante preocupação de incentivar seus filhos a participar da missa. Infelizmente, vemos pais que levam praticamente uma caixa de brinquedos à igreja, como forma de manter a criança quieta, brincando no banco, desatenta ao que acontece ao se redor. Outros pais levam alimentos, sobretudo doces, para seus filhos se sentirem como em casa. Despreparam a criança para a vida em comunidade, começando a não educar de forma correta e saudável. A criança não pode ser subestimada; na escola precisa permanecer em silêncio durante a aula, no esporte que pratica também precisa se concentrar nas instruções do treinador. Da mesma forma, na igreja, é preciso silêncio para meditar e aprender a ser cristão e a agradar a Deus. Enquanto as crianças forem tratadas dessa forma, poderemos ter pessoas descompromissadas, carecidas de sentido para o que fazem e frustradas. Possivelmente se tornem adultos vazios e confusos, na ótica da fé, dentre outras coisas.
É urgente uma redescoberta da importância da vida cristã e em comunidade. E isso inclui saber que há momentos para cada coisa, e que na missa não é lugar para conversas e recreações. Colocada de maneira suave, aliada ao constante incentivo sobre a necessidade de Deus e o quão agradável é estar em sua presença, tudo fica mais fácil. É duro ver jovens que vão à igreja para reencontrar amigos, paquerar, conversar e rir durante a missa. Talvez tenham sido exatamente estes que quando crianças eram deixados à vontade, soltos para praticar o que quisessem. A comunidade que hoje os critica é, muitas vezes, a mesma que os educou outrora.
Não existe maior patrimônio a se deixar para um filho, para uma pessoa, que a fé. Ela é o que dá fundamento e sentido a todas as outras coisas. A criança tem essa capacidade maior de absorver o que lhe é transmitido e, assim, continuar propagando a fé cristã. E só quem a tem sabe quanta diferença faz na vida.