segunda-feira, 6 de julho de 2009

SILÊNCIO NA LITURGIA

(originalmente publicada na edição de março/2006 do Informativo Anunciando, com revisões e acréscimos)

“A paz que eu sempre quis estava no silêncio que eu nunca fiz...”
(Banda Vida Reluz, A paz que eu sempre quis)

A espontaneidade na liturgia, manifestada através de cantos fervorosos, mãos elevadas, aplausos entre outros, são fatores que podem contribuir para uma celebração mais bem vivenciada, pois, dessa forma, expressamos com todo o corpo o que sentimos perante Deus. Mas quando deparamos com a realidade que nos cerca, percebemos que a liturgia vem sendo conduzida para o barulho, assim como a sociedade está sendo “educada”. É difícil nos silenciarmos, seja em casa, no trabalho, estudos ou até na igreja! Cria-se o hábito de cobrir qualquer ausência de barulho com conversas, gargalhadas ou até mesmo um batuque improvisado.

Na liturgia, o silêncio vem sendo esquecido, menosprezado. Quantos não acham que um momento de serenidade é uma falha na celebração? Basta haver um instante de silêncio para ouvirmos sussurros ou até conversas de pessoas que vão à igreja, mas não formam Igreja, ou seja, permanecem no meio da assembleia ou ficam do lado de fora do templo,conversando, atrapalhando uma celebração, quando deveriam se congregar com os demais irmãos, unidos para celebrar a nova vida dada por Cristo!

O mesmo acontecimento é comum antes do início da celebração. Quantos não são os que adentram o templo e logo puxam assuntos com alguns presentes, tirando o aspecto sagrado do local? Não são capazes de se silenciar por um instante, recolhendo-se em oração ou ao menos respeitando o espaço e as pessoas que ali vão chegando, com o desejo de elevar a Deus alguma prece ou ação de graças, nos momentos que antecedem a Missa.

Durante a celebração então... Celulares que tocam (e tem gente que corre para atender, justificados os casos realmente necessários, embora um modo silencioso fosse o mais indicado para a ocasião), pessoas que não “silenciam” o corpo e andam de um lado para outro, inclusive diante da elevação do Cristo Sacramentado! Parecem não compreender o que está acontecendo...

Dentro da liturgia, existem alguns momentos que devem ser marcados pelo silêncio. Estes vão desde as pausas após o convite para uma oração (oremos), no intervalo entre a primeira leitura e o salmo responsorial, durante a elevação do Santíssimo Sangue e Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, durante a comunhão e após esse sublime momento, na ação de graças. Recomenda-se breve silêncio, ainda, logo após a homilia.

É preciso, pois, resgatar com urgência a observação do silêncio na sociedade, sobretudo na liturgia. Deixar de fazer barulho não é, obrigatoriamente, fazer silêncio, pois somente ele pode nos proporcionar recolhimento, meditação, encontro consigo mesmo e com o Criador! Não precisamos ir muito longe para buscar um exemplo admirável de seguimento a Cristo através do silêncio. Sua mãe, Maria, é também conhecida como a Virgem do Silêncio, pois guardava palavras e gestos de Cristo em seu coração (cf. Lc 2,51b). Por isso, cante, louve, aplauda, se emocione, mas também faça a experiência do silêncio. É através dele que ouvimos claramente a voz do Pai que nos chama a uma vida de entrega, longe do mal.

Um comentário:

  1. Abraço da Paz ceifado da Liturgia por motivos inerentes ao momento: menos mexe mexe, barulheira na missa e valorização do canto do Cordeiro.
    Mas é engraçado mesmo... não encontramos o silêncio na Igreja a não ser que cheguemos com uma hora de antecedência...

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